SANGUE, LÁGRIMAS E SAL NO PARAÍSO
O mar imenso espraiava-se pela areia, banhando os pés e corpos livres de tudo. Entregar-se ao sol, ao sal e água gelada era o acontecimento mais importante do momento. Pessoas passando, sorrindo, bebendo. Os quiosques com sua ocupação extremada atribulavam-se no atendimento a todos. Apesar do paraíso, ainda existem aqueles impacientes, que reclamam, esbravejam e gritam seus direitos aos quatro ventos, que hoje, na realidade são mais de dez. As águas estão calmas e lambem a areia de forma dolente. Os corajosos lagarteiam sobre as cadeiras e saídas. Ao anoitecer é que a pele vai conversar. A brisa é mansa, e vem e volta, trazendo as ondas que vêm bem grandes e se acalmam em rabos de sereia. Densa espuma. As expressões só trazem calma. Descanso, férias, fim de semana e música boa. E tudo muda... O mar encapela. O céu escurece. Vem tempestade. Com ventos fortes. Sacodem as árvores e até os insetos, transidos, mudos. A areia sobe como partilhas, cobrindo tudo. A natureza traz o recado. Só quem entende que pode ler. O que era riso virou em choro, em gritos mudos, vindos da alma. Ao telefone, uma notícia, que chega célere, e tudo acaba. Aquele filho, tão protegido, tão embalado por sua mãe. Tanto visado pelo perigo. Foi avisado, mas sem ouvido. Em torno é festa. Nada mudou. A natureza também voltou. Só quem é mãe é que quem abraça e enlaça a dor. Finda a entrega, as horas passam e tudo volta, nem tão normal. A marca fica por sob os olhos e o rosto triste. O mar gelado de vento e sal lavou o sangue e secou as lágrimas. E o sol se abriu... Regina Madeira 24/01/2018 Amigos do Recanto Obrigada pelas 150.022 leituras no meu cantinho. Deus os abençoem Regina Madeira Regina Madeira
Enviado por Regina Madeira em 24/01/2018
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