Regina Madeira - Estrela Radiante

Brilho das Letras

Textos


 
UM NATAL PARA OLÍVIO
 
 
PRÓLOGO
 
Véspera de natal, Olívio vai ficar sozinho na delegacia. Divorciado, sem família, ele libera os seus auxiliares nessas datas especiais. Mimoso é um lugarejo pequeno do interior do Rio de Janeiro.
Um lugar onde nada acontece. O índice de violência é quase negativo. As últimas prisões foram peões das fazendas vizinhas que se embebedam em dia de pagamento e são recolhidos para dormir na cadeia.
Nessa tranqüilidade, Olívio tem tudo que sempre pediu a Deus. Aos quarenta e cinco anos, advogado, deixou de advogar para assumir a Delegacia de Mimoso.
Essa decisão custou o seu já conturbado casamento, pois Lollita, cansada de viver nesse “buraco”, como chamava o lugar, arranjou alguém mais interessante que a levasse para o Rio de Janeiro.
No princípio, Olívio sofreu muito, mas com o passar do tempo, percebeu que era melhor viver só e tem levado a vida adiante.
Depois da separação, ele voltou a morar num pequeno chalé no final da rua onde fica a delegacia, indo e voltando caminhando para o trabalho.
Preparando uma rápida saída, antes dos companheiros irem para casa, foi jantar. Normalmente pede comida no hotelzinho de Mimoso.
Quando chegou perto de casa ouviu um gemido e por força do hábito sacou sua arma e foi aproximando-se vagarosamente. Aquela hora, quase vinte e duas horas, apesar de ser véspera de natal, a rua está completamente deserta, pois as pessoas estão em suas casas nos preparativos.
Continuou caminhando atraído pelo gemido agora mais alto. Agindo como delegado, gritou para que quem no beco estivesse saísse com as mãos para o alto.
Como resposta ouviu apenas: _Por favor me ajude, meu filho!!!
 
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EU SOU OLÍVIO DUTRA
 
Levanto-me para mais um dia de trabalho. Eu sou Olívio Dutra, delegado da pequenina Mimoso, no interior do Rio de Janeiro.
As pessoas costumam dizer que sou simpático rsrsrsrsrs Vou dar a minha descrição e vocês dizem o que acham:
-Sou moreno, alto, pele azeitonada, quase negra, pois meu bisavô era africano, mas minha mãe uma espanhola muito branca e meu pai não ficava muito atrás, mas recebi os gens do bisa. Meus cabelos são negros e lisos e por conta da academia e da vida na polícia, defini os músculos e o corpo dá para o gasto.
Mas nada disso foi suficiente para segurar Lollita, pois ela nunca me amou de verdade.
Sou advogado e trabalhei desde que me formei até quase cinco anos atrás numa grande firma no Rio. Na verdade um conglomerado muito rico, que me deu muito dinheiro.
Enquanto estive lá, Lollita estava satisfeita. Eram festas, compras, viagens e visitas das amigas. Mas cheguei a um ponto de estresse que era impossível continuar. Os patrões, sócios, sanguinários tubarões, que tiravam todas as sardinhas do seu caminho.
O auge foi o dia em que se negaram a pagar uma indenização a um ex-funcionário que se acidentou no trabalho. Mas torceram a situação de tal maneira que a culpa caiu sobre o coitado, como se ele tivesse operado a máquina indevidamente. Depois daquele dia percebi que não poderia continuar naquela vida.
Tentei, tentei conversar com Lollita, mas ela não aceitou e assim nos divorciamos.
Em seguida, parti para viver no interior e ainda advoguei pequenas causas. No ano seguinte prestei concurso público para Delegado e aqui estou. São três anos nessa nova labuta. Hoje sou um novo homem, tranqüilo, um mantenedor da ordem geral. A advocacia fica apenas em conselhos extra-oficiais que ofereço aos amigos, sobre como e onde procurar as informações certas.
Aqui em Mimoso é um paraíso. Lugar bucólico, com uma população pequena e acolhedora, que me recebeu de braços abertos. Apesar do plantão constante, aqui quase nada acontece, somente os peões bêbados dormem na delegacia nas sextas-feiras, mas são inofensivos, pois nem arma portam.
Quando aqui cheguei comprei um pequeno rancho com parte do dinheiro que recebi na firma e o restante doei para a família daquele rapaz acidentado.
Ainda tentei convencer Lollita a me acompanhar e salvarmos nosso casamento, mas ela não aceitou e quis apenas sua parte dos bens.
Hoje vivo com o meu salário, que gasto pouco. O uniforme é minha roupa diária e meus momentos de folga são poucos, assim as roupas que tenho são suficientes. No rancho, fiz uma sociedade com um morador aposentado daqui, o Roosevelt, e criamos frangos e fornecemos para o comércio local e vizinhanças. Não falta carne e nem ovos frescos todos os dias. E a vida segue seu curso.
Nas minhas horas de folga, tomo uma cerveja gelada em companhia dos amigos e vou ao cinema. Mas a maioria das vezes vejo filmes na TV.
Atualmente prefiro ser sozinho. Ainda não tenho cabeça para procurar um novo relacionamento. Viver é meio complicado. E as mulheres são complicadas rsrsrsrs Ou serei eu que sou complicado??? Não sei rsrsrsrsr
 
 
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VÉSPERA DE NATAL DE 2013
 
São quase vinte e duas horas. Vou liberar os rapazes para irem para casa. As pessoas já se recolheram em suas casas. Até a missa já acabou.
Aqui o padre já é idoso e juntamente com a comunidade resolveram celebrar a missa de natal mais cedo. Assim podem estar meia-noite em casa. Tirando uma ou outra janela aberta é quase total o silêncio. O último ônibus chegou da cidade e a pequena rodoviária está vazia.
Vou para até o rancho jantar na casa do Roosevelt e a esposa Jacira, e logo volto para liberar os rapazes.
 
De repente, quebrando o silêncio da noite ouço uns gemidos. Diminuo os passos e saco a arma por precaução. Os sons vêm do beco de uma casa vazia ao lado da praça.
O que ou quem será???
Dou mais uns passos e ouço um murmúrio pedindo socorro.
Aproximo-me do beco e grito: quem está aí??/ saia com as mãos para o alto!!!
 
_Por favor, meu ajuda, meu filho!!! Diz a voz entrecortada por soluços.
 
Guardo a arma e me aproximo e vejo uma jovem encostada na parede, que vai escorregando até sentar.
 
_O que você tem??/ -pergunto assustado.
 
_Meu filho, vou perder o meu filho, estou sangrando. – diz ela
 
Toco-lhe a fronte e sinto a alta temperatura. Pelo celular ligo para o hospital e peço uma ambulância com urgência e logo sou atendido e em seguida ligo para delegacia avisando que vou me atrasar para o plantão.
 
Quando a ambulância chegou, fui junto para agilizar os procedimentos por ser uma pessoa estranha na comunidade. Precisava saber de onde estava vindo e a quem seria preciso avisar em casa.
 
A jovem mãe não estava em condições de prestar nenhum esclarecimento no momento, pois estava febril e com hemorragia.
 
Quando chegamos ao hospital foi medicada e higienizada pela equipe de plantão. Após quase uma hora de espera, com a situação da paciente equilibrada, pude entrar para vê-la.
Estava adormecida e o médico pediu que não falasse nada e a deixasse descansar.
Entreguei a bolsa que estava em seu poder na recepção para que fizessem as pesquisas de identidade.
Lá fiquei sabendo o seu nome: Meredith de Azevedo. Nos pertences só havia uma carteira com poucos reais, a identidade, CPF e o Título de Eleitor.
No título as informações indicavam como eleitora de  Juiz de Fora- Minas Gerais. Nenhuma outra foto ou documento, nada de endereço com que eu pudesse enviar e buscar informações.
Com peças de roupas apenas uma blusa, uma saia e roupas íntimas. As peças muito usadas, mas ainda cheiravam a sabão em pó.
Preenchemos as fichas do hospital como foi possível e somente pela manhã poderia saber quem é a nossa jovem mãe.
 
 
Após saber que estava fora de perigo, com a hemorragia controlada e a febre também, Dr Santos disse-me que fosse para o meu trabalho porque nada poderia fazer até que a paciente tivesse em condições de falar.
 
Desisti de ir para o rancho e comi alguma coisa no hotelzinho mesmo para liberar os rapazes para uma ceia ainda que tardia.
 
Quando cheguei na delegacia passava da meia-noite e desejei feliz natal para eles e os deixei ir para casa.
 
Depois sozinho, fiquei a pensar no sofrimento daquela jovem. Meredith!!!! Um nome tão diferente. Um rosto muito bonito. Qual seria a sua estória??? E assim pensando adormeci no catre da minha única cela, onde sempre descanso quando estou no plantão.
 
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NATAL EM MIMOSO
 
O sol amanheceu radioso nesse dia de Natal. Acordo 6:00 h e tomo um banho para acabar de despertar. A noite foi calma e silenciosa e pude dormir bastante. Nenhum bêbado veio perturbar meu descanso.
O café que tenho na garrafa ainda está quente. Tomo um gole enquanto espero um dos rapazes que virá me render. Hoje faremos um rodízio, assim, dá para descansar mais.
Assim que chega o guarda Moraes vou até o hotelzinho tomar um café reforçado e mais tarde vou almoçar no rancho.
Após o café dirijo-me ao hospital para saber da nossa jovem mamãe Meredith.
Enquanto caminho, cumprimento as pessoas que andam pela cidade, umas saindo da missa, outras passeando na praça, vigiando as crianças que brincam com seus brinquedos novos.
Após a noite de silêncio, a pequenina cidade fervilha em movimento.
Até mesmo os vendedores ambulantes, que mesmo sendo natal colocam suas mercadorias que enchem as ruas e a praça de alegria.
 
 
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DESVENDANDO OS MISTÉRIOS
 
 
Lá chegando, já quase oito horas, sou informado que ela está acordada e poderá responder algumas perguntas. Dessa forma ajudo ao hospital a ter os dados completos dela.
 
 
Bato à porta e uma voz baixa diz-me para entrar. A enfermeira faz os procedimentos do dia e ajeita os lençóis e travesseiros da paciente.
 
_Meredith de Azevedo é seu nome??? Eu sou o delegado Olívio Dutra e a socorri ontem no beco daquela casa.
 
Ofereço-lhe a mão e recebo seus dedos magros e frios entre os meus.
 
_Pode esclarecer algumas dúvidas??/ - ela sacode a cabeça dizendo que sim.
 
_Como chegou até a minha cidade?? – perguntei olhando nos seus olhos.
 
_Eu viajei por quase três  de Juiz de Fora até o Rio de Janeiro e em seguida mais três horas da Novo Rio até aqui, em Mimoso. De repente comecei a sangrar e só consegui encosta-me naquele beco escuro. Pensei que fosse perder o meu filho ali.
 
_O que a trouxe até aqui???
 
_Vou contar toda minha estória e cabe ao senhor delegado resolveu o que fará.
 
Puxei uma cadeira e sentei-me diante dela e esperei.
 
_Eu posso ter matado meu marido. – disse ela, trêmula e pálida.
 
A confissão me pegou de surpresa, mas consegui me conter.
 
_Conte tudo com detalhes. – disse secamente como profissional.
 
Ela passou a língua nos lábios e suspirou ruidosamente.
 
Eu sou Meredith de Azevedo, 24 anos, não tenho parentes e lá perto de  Juiz de Fora, onde morava, comecei a namorar José de Azevedo, que hoje é meu marido. Trabalhávamos na mesma fábrica de tecidos e lá nos conhecemos. Comecei a trabalhar logo depois que meus pais morreram num acidente e fiquei só no mundo.
Namoramos por um ano e casamos.
Tudo ia muito bem. Mas a fábrica entrou em declínio e apenas um de nós poderia ficar empregado e ainda assim com salário reduzido.
O dono da fábrica optou por José e fiquei desempregada.
Comecei a fazer sacolé para vender e apurar algum dinheiro para ajudar nas despesas.
E tudo ia apertado mas estávamos conseguindo pagar as nossas contas em dia.
O sacolé começou a render e aos poucos fui fazendo sabores diferentes. As pessoas da rua sempre compravam e as crianças quando saíam da escola enchiam o meu portão.
Com o tempo e um dinheirinho apurado, investi nos salgadinhos e logo as encomendas começaram a chegar.
Até que um dia, José, cansado da fábrica, passou no bar do seu Manoel para tomar uma pinga e ouviu alguém dizer que minhas coxinhas eram muito boas e não gostou do comentário, apesar de não haver maldade em quem falou.
Depois disso passou a chegar em casa bêbado e falando muitas bobagens, fazendo insinuações maldosas.
No meio dessa situação descobri que estava grávida. No princípio ele ficou mais animado e esqueceu um pouco das brigas.
Mas infelizmente a fábrica fechou de vez e o ganho era só o meu.
Assim começou o meu calvário. As surras eram diárias, bastava para isso ele beber e pior, bebia com o dinheiro das despesas.
Para terminar minha estória, nessa última segunda-feira ele me agrediu novamente, aí revidei com uma frigideira pesada em sua cabeça, pois não mais agüentava e precisava proteger meu filho na barriga.
Quando percebi o que tinha feito, me desesperei. Peguei a bolsa com o que tinha e saí de casa. Tomei um ônibus até Juiz de Fora e fui para uma pensão. Lá fiquei dois dias e depois resolvi vir para o Rio de Janeiro e na rodoviária comprei uma passagem para o lugar mais longe que encontrei.
 
Anotei os dados e endereço para proceder a investigação.
 
Quando ela terminou o relato, estava exausta e banhada em lágrimas. Saí do quarto e procurei pelo Dr. Santos, dando as explicações necessárias. A paciente não poderia sair do hospital sem minha autorização.
 
 
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SIGILOSA INVESTIGAÇÃO
 
Olívio seguiu para a delegacia pensando no que faria para desvendar esse caso.
Lembrou-se de Bernardo, advogado, amigo seu, quase irmão, pois sempre socorriam um ao outro desde os tempos da faculdade que moravam junto.
Bernardo, morando atualmente em Juiz de Fora, era a pessoa ideal para o que precisava.
Enquanto sentava em sua mesa ia pensando no que fazer. Pediria a Bernardo que fosse a Rio Novo, nome da cidade onde Meredith morava, para ver o que realmente aconteceu. A mulher poderia ser vítima, mas também poderia ter vitimado alguém. Seria José o culpado??? Só o tempo e as investigações de Bernardo poderiam dizer.
Ligou para o amigo, que se dispôs a ajudá-lo imediatamente.
 
Pela tarde voltou ao hospital e encontrou Meredith de repouso. Bem mais forte, ela acrescentou mais detalhes de sua estória e Olívio pode constatar que realmente falava a verdade, pois não titubeou em nenhum momento e repetiu as mesmas declarações anteriores.
 
Quando terminou a visita, o Dr. Santos declarou que a paciente estava de alta e que poderia deixar o hospital quando o delegado quisesse.
 
Olívio coçou a cabeça pensativo:  Onde colocaria Meredith??? A mulher não tinha dinheiro e nem roupas e muito menos alguém conhecido que pudesse ampará-la.
 
Resolveu que a levaria para o rancho e pediria que Jacira tomasse conta dela por enquanto, até que a investigação se completasse.
 
Ligou imediatamente para o rancho e explicou aos dois sua necessidade. Lá, Jacira se encarregaria de arrumar umas roupas para Meredith.
 
Voltando ao quarto, Olívio a encontrou acordada, tomando um lanche servido pelo hospital.
 
Quando terminou, a mulher perguntou a Olívio:
 
_Então, dr., o que vai ser de mim?
 
_Por enquanto, disse o delegado, vou arranjar um lugar para você ficar por uns dias, até que tudo se resolva. Ou seja, você vai ficar no meu rancho, na casa do meu sócio e a esposa, enquanto a investigação está em andamento. Depois vamos ver o que acontece.
 
Meredith, assentiu, com os olhos marejados, comovendo Olívio, mas este não se deixou levar e simplesmente despediu-se, dizendo:
 
_Quando terminar o expediente na delegacia, venho buscá-la. E saiu, fechando a porta mansamente.
 
Enquanto caminhava para o carro, pegou-se lembrando daqueles olhos amendoados, com o seu castanho-chocolate intensificado pelas lágrimas e pediu a Deus que ela seja inocente.
 
 
Eram dezoito horas e Olívio encerrava o expediente quando recebeu notícias de Bernardo.
 
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Olívio, fiz o seguinte procedimento. Como advogado, montei um documento para ser entregue no endereço dado, mas com um nome diferente do morador. Lá chegando, encontrei a casa fechada, perguntei para os vizinhos sobre Jorge de Azevedo, e logo encontrei uma boa informante, que falou que os moradores são José de Azevedo e Meredith.
Continuando a perguntar, rapidamente fiquei sabendo, que a versão de Meredith é verdadeira. E, felizmente, o José está vivo, apenas machucado, mas nada grave. Os vizinhos foram unânimes em defendê-la, dizendo ser ótima mulher, trabalhadeira e que não merece o tratamento recebido.
O José sempre foi violento e depois que perdeu o emprego, passou a beber desregradamente e a agride sem motivos justos. Verifiquei também que não há nenhuma acusação contra ela. Até mesmo porque ele teria que se explicar com a polícia.
Agora, meu amigo, o resto é com você. Qualquer coisa que precisar pode contar comigo.
 
_Obrigada, Bernardo, meu irmão. Agora estou mais tranqüilo para agir aqui. Com a gravidez de risco de Meredith, seis meses, preciso ter certeza das decisões a serem tomadas. Fique com Deus, meu irmão e mais uma vez obrigada.
 
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NO RANCHO VENTANIA
 
 
Olívio encerrou o expediente e seguiu para o hospital. Antes passou na farmácia e comprou os produtos básicos de higiene para Meredith, afim de que ela se sentisse confortável.
Assim que ela repousasse e estivesse mais forte, pediria Jacira que viesse até o centro da cidade para adquirir tudo o que fosse preciso, até que Meredith tivesse condições de cuidar da própria vida.
Entrando no hospital, encontrou-a na sala de espera, com sua pequena mochila no colo, olhando, desalentada, para o nada.
 
Quando o viu, levantou-se com dificuldades, mas forte e perguntou:
 
_E então, dr.  o que apurou da minha vida??? Os olhos amedrontados o fitavam intensamente.
 
_Bem, dona Meredith, até agora o que disse é verdadeiro, assim como apurei nas investigações. O seu marido está ferido e bem. De acordo com seus vizinhos, ele é violento e agressivo, tornando sua estória verdadeira.
 
Vou levá-la para passar uns dias no meu rancho e depois veremos o que o futuro dirá. Saiba que não será detida, até mesmo porque não há nenhuma acusação contra a senhora. Mas no meu papel de policial vou apurar o caso mais a fundo e sua presença será necessária. Assim está sob minha guarda.
 
_Como quiser, doutor, até mesmo porque não tenho para onde ir e segundo o dr. Santos meu bebê pode nascer a qualquer momento.
 
Após acertar tudo na recepção do hospital, Olívio seguiu com Meredith para o rancho.
 
 
Lá chegando, com o dia ainda claro, devido ao horário de verão, Meredith pôde se extasiar com a beleza do lugar. As árvores num tom de verde tão intenso, as flores multicoloridas e um céu de azul intenso, colorido por um sol radiante. Tudo parecia lhe dar as boas vindas.
 
_Aqui é maravilhoso!!!Quanta vida!!! diz Meredith, encantada.
 
_É, esse é um cantinho especial e quando estou de folga, o que é raro, fico aqui. Quem toma conta de tudo é o meu sócio e a esposa, Roosevelt e Jacira, em cuja casa você vai ficar, até poder tomar as próprias decisões.
Eu quero que você repouse, recupere a sua saúde e cuide bem do seu bebê e depois veremos.
 
Meredith olhava tudo, como uma criança numa loja de brinquedos e logo avistou a casa grande maravilhosa e um pouco mais para frente, um chalé especialmente belo, com um casal na varanda, esperando sua chegada.
 
Quando o carro parou diante da escada, Jacira desceu e recebeu Meredith com um grande abraço.
 
_Bem vinda ao seu novo lar!!! Disse sorrindo.
 
_Bem vinda,  senhora. É uma alegria recebê-la em nossa casa.
 
Encaminharam-se todos para o interior da casa, onde tudo era lindo e confortável.
 
Sentaram na sala e Jacira foi providenciar um suco gelado para todos.
 
Enquanto bebiam conversavam sobre vários assuntos. Quando terminaram, Jacira levou Meredith para o quarto, para que pudesse descansar.
 
Sobre a cama,estava uma camisola bem confortável e fresca, além de algumas peças de roupa que com pequenos ajustes ficariam bem em Meredith.
 
Após tomar um banho e antes de deitar-se, Meredith voltou à sala para despedir-se de Olívio.
 
 
O delegado dirigiu-se para sua casa e foi pensando naquele sorriso que chega aos olhos.
Ainda pensando, no banho, sentiu a reação do seu corpo, que estava adormecido, desde os primeiros anos do seu casamento, que logo acabou.
Algo lhe dizia que sua vida iria mudar.
 
 
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A CHEGADA DE ROSEMARIE
 
Após um mês de estadia no rancho, Meredith sente-se mais forte e já deu vários passeios pelo rancho. Também foi a cidade com Jacira fazer algumas compras. Apenas não gastou demais, pois todas as despesas estão por conta de Olívio.
O delegado liberou seu cartão de crédito, mas a mulher não se sentia à vontade para gastar um dinheiro que não era seu.
Jacira disse que tomasse como um empréstimo, pois realmente precisaria de tudo para o bebê e assim compraram o que foi preciso para ficarem bem por uns meses.
Quinze dias depois dessa saída, na madrugada, Meredith começou a sentir mal e foi levada em emergência para o hospital.
Por sorte era noite de folga de Olívio, que rapidamente agiu para que tudo saísse a contendo.
Chegando lá, o dr. Santos já estava esperando. Ao examiná-la constatou a necessidade de uma cesariana de emergência, pois a mãe e a criança estavam em sofrimento.
Meredith foi acalmada por Olívio e Jacira e levada para cirurgia.
 
Uma hora de espera e dr. Santos chegou com a notícia do nascimento de Rosemarie. Mãe e filha passavam bem, apesar da necessidade da menina ficar na incubadora, devido ao nascimento antecipado.
Meredith foi levada para a sala de recuperação.
Nascida com vinte e nova semanas, Rosemarie é uma guerreira, segundo dr. Santos e sua recuperação será rápida, se tudo continuar nesse ritmo e logo poderá ir para casa.
 
Após uma semana do parto, Rosemarie continuava na UTI neonatal e Meredith ficou ao seu lado. Como não apresentou nenhuma complicação de saúde, necessitando apenas completar o tempo que seria a gestação, após um mês e meio ambas puderam ir para casa.
 
Meredith chorou muito, emocionada, quando levou a filha para o rancho.
 
O dr Santos indicou o dr. Clóvis, pediatra, que atendeu ao bebê durante a cesárea para continuar o atendimento. Com a prematuridade, a necessidade de consultas mais freqüentes é maior, para a plena saúde do bebê.
 
Olívio ainda não tinha caído em si durante esse último mês de sua vida, como tudo tinha mudado. E como um “pai” orgulhoso, pediu antecipação de suas férias para dar mais atenção a Meredith e sua cria.
Logo o delegado Gustavo chegou para substituí-lo.
 
 
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MUDANÇAS DA VIDA
 
Após seis meses do nascimento de Rosemarie, Meredith decidiu que iria procurar o marido para entender-se com ele. Preocupado com o rumo que a situação poderia tomar, Olívio resolveu acompanhá-la.
Empreenderam a viagem e quando chegaram a Rio Novo, Olívio ficou num hotel, enquanto levou Meredith para a casa de Luísa, uma antiga vizinha, que era como sua irmã.
Quando Meredith chegou com a pequena Rosemarie nos braços, Luísa chorou de emoção, pois pensava que nunca mais iria ver a amiga. Tomada de amores pela pequena, aceitou a presença das duas e disse que cuidaria da menina enquanto Meredith precisasse cuidar das suas coisas.
Antes mesmo de saírem de Mimoso, Meredith e Olívio já haviam conversado que ela não ficaria em Rio Novo, indo apenas lá para acertar sua vida com José.
Sabendo por Luísa que José estava trabalhando numa outra fábrica e que chegava a casa sempre pela mesma hora, Meredith ligou para Olívio, marcando a hora em que ele viria para observar tudo de perto, ficando na casa de Luísa.
 
 
José chega a casa, coloca a marmita sobre a pia e bebe um gole de café da garrafa. O gosto de café amanhecido é quase amargo na boca. Há muito tempo que o café é amargo, pois ele relembra o tempo que Meredith estava em casa e tudo era gostoso e bem feito. Feito com amor. Mas ele não soube valorizar.
Por onde ela andaria??? E a criança será que viveu???
Ele nunca saberia, pois nunca mais recebeu notícias dela. Também não teria o porquê, afinal se ela não tivesse acertado a sua cabeça com aquela pesada frigideira seria ela a vítima.
Todos os dias quando chegava a casa, José pensava naquela cena. Seis meses passados e ele sem saber onde procurar. Afinal nem ele nem ela não possuem nenhum parente. E os vizinhos, deixaram até mesmo de cumprimentá-lo depois que Meridith foi embora. E ele não os culpava. Quem pode agüentar um bêbado valentão???
 
Ia tomar um banho, quando ouviu uma batida na porta. E quando abriu não acreditou nos próprios olhos: Meredith. Uma mulher muito diferente daquela que ele conheceu. Séria, magra e bem vestida.
 
_Posso entrar, José??? Ela perguntou secamente.
 
_Sim, claro, essa casa ainda é sua. – disse o homem estremecendo.
 
_Vim conversar com você. Trago notícias de nossa filha e gostaria de apanhar as minhas coisas.
 
Surpreso, José não esperava o que ouviu.
 
_É uma menina?? E onde está??? Você está voltando para casa??? – perguntou, nervoso.
 
_Antes de tudo, José, quero saber se você deu parte à polícia pela agressão??? – interrompeu Meredith.
 
_Não, não e nem poderia, pois fui o único culpado de tudo e poderia até mesmo tê-la matado, com minha loucura, se você não tivesse me batido.
 
_Bom, então podemos falar sobre a menina. Ela está na casa de Luísa, esperando a hora de conhecê-lo. Eu vou buscá-la. – e saindo a mulher foi direto na casa da vizinha, onde Luísa e Olívio estavam esperando.
Tomando Rosemarie nos braços, Meredith voltou a casa.
 
Quando José viu o pequeno embrulhinho com uma linda menina, chorou emocionado. Um pouco mais longe no portão estavam Luísa e Olívio ouvindo tudo.
 
_Essa é nossa filha Rosemarie, disse Meredith. Nasceu prematura, mas já está recuperada.
 
José tomou a menina nos braços e a embalou mansamente.
 
_E você onde vive??? –perguntou com a voz rouca.
 
_Vivo numa cidadezinha do Rio de Janeiro, onde fui acolhida pelo delegado do lugar e por enquanto estou no seu rancho, onde vou começar trabalhar no próximo mês. Lá tem uma grande criação de frangos e junto com a esposa do sócio dele, vamos iniciar uma produção de doces caseiros.
Vou ter minha casinha e criar nossa filha com muita dignidade.
Vou deixar o endereço para quando você quiser visitá-la e mais tarde conversar sobre a pensão dela. Somente o que é estipulado por lei, nada mais.
 
José abaixou a cabeça, concordando com tudo, pois não se sentia com direito nem mesmo de discutir.
 
_Agora vou arrumar minhas coisas e partir em seguida. E caminhando para o quarto, Meredith juntou duas velhas malas e arrumou seus poucos pertences.
 
Quando acabou chamou Luísa e Olívio para finalizar a conversa com testemunhas.
 
Os dois entraram e Meredith apresentou o delegado ao agora ex-marido.
 
_Muito prazer, seu José. Sou o delegado Olívio de Mimoso, no interior do Rio de Janeiro.
 
Dona Meredith chegou a minha cidade quase perdendo sua filha e a socorri. Hoje ela vive no meu  rancho e em breve vai trabalhar também.
 
Vou deixar o endereço, os telefones. Quando o senhor quiser fazer uma visita, esteja a vontade.
 
José beijou a cabeça da filha e a entregou para a mãe.
 
 
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DE VOLTA AO RANCHO VENTANIA
 
Quando chegaram ao Rancho, Meredith estava feliz e descansada pela primeira vez nos últimos dias de sua vida, tirando logicamente o nascimento de sua Rosemarie.
Durante a viagem ela veio pensando no que viveu ao lado de José, uma vida infernal e nem estava acreditando que finalmente tudo estava acabado.
Mais satisfeita ainda ficou, pois o ex-marido tomou a resolução de vender a casa em que viveram para dar a parte que lhe cabe por direito. Vai, em seguida, comprar uma menor e colocar no nome de Rosemarie e ficar lá enquanto viver.
Meredith já fazia planos de abrir um negócio próprio, pois a produção de doces é um projeto com tudo para dar certo e ela quer investir nele, tornando-se sócia.
 
O inverno está se aproximando e o tempo das geléias e doces em calda está em alta. Os restaurantes e hotéis de toda redondeza foram sondados como possíveis clientes. As cidades são pequenas, mas possuem um turismo intenso, pois a maioria das pessoas foge das cidades grandes para aproveitar a natureza e o sossego das pequenas comunidades.
 
Lá no rancho Olívio fez uma pequena reforma num chalezinho minúsculo onde Meredith e Rosemarie podem morar.
Ficou estabelecido um pequeno aluguel para ela não sentir mal, como se fosse sustentada por ele. Com o seu salário ela e a filha poderiam viver muito bem.
 
No início da primavera a DOCES CASEIROS VENTANIA é um projeto a todo vapor.
 
Olívio adaptou a cozinha de sua casa para que toda a produção saia de lá. Assim Jacira, Meredith, Cora, a cozinheira do rancho e mais duas ajudantes de Mimoso fazem todo seu trabalho. Os empregados do rancho foram destacados para um grande barracão, com cozinha e refeitório e todas as refeições são feitas lá.
Na casa de Olívio, apenas as 7 pessoas envolvidas nos doces fazem suas refeições na cozinha da produção.
 
Com a proximidade do fim do ano e o crescimento dos negócios do rancho, Olívio resolveu afastar-se da polícia, voltando a advogar normalmente.
 
Estava próximo o aniversário de 1 ano da pequena Rosemarie e os preparativos iam de vento em popa, quando Meredith recebeu um telefonema de José, perguntando se poderia fazer uma visita para a menina.
 
Meredith conversou com Olívio, que não viu nenhum problema e que ela poderia permitir a visita. Afinal o comportamento de José vem sendo irrepreensível.
 
Meredith retornou o telefone de José, marcando a visita.
 
Arrumando tudo em casa, Meredith aguardou o telefonema. Ficou acordado que José chegaria no dia 24 para participar do aniversário e da ceia de natal.
Marcaram a hora em que Olívio iria esperá-lo na rodoviária de Mimoso. Também ficou resolvido que ele passaria a noite na casa de Olívio, para que Meredith não tivesse que improvisar acomodações em seu pequeno chalé.
 
Chegando o dia, Olívio encaminhou-se para o centro da cidade. Aproveitou para passar na delegacia, pois se encontra em licença, aguardando a sua dispensa definitiva.
O delegado Amaro já está lotado em seu lugar.
 
Quando avistou o ônibus, dirigiu-se para o terminal para receber José.
 
Apertaram as mãos e seguiram para o rancho em silêncio.
 
 
A CHEGADA DE JOSÉ
 
Na hora do almoço Olívio e José já estavam no rancho. O homem foi levado ao chalé de Meredith, que o aguardava com a pequena Rosemarie no colo.
José as cumprimentou, emocionado e beijou a filha.
Meredith disse para a menina: Esse é seu pai. Peça a bênção como a mamãe ensinou.
Sorrindo tímida, Rosemarie disse: benxa papai e escondeu o rosto no pescoço da mãe.
 
Em lágrimas, José disse algumas palavras e logo foi convidado para entrar. Meredith convidou Olívio para almoçar, mas ele declinou do convite, dizendo que  Jacira e Roosevelt o esperavam para almoçar com eles.
Antes de sair ouviu Meredith dizer que logo iriam para completar a arrumação da festa e da ceia de natal. Assentindo o moço foi embora.
 
_Você está muito bem, José. – disse Meredith iniciando uma conversa.
 
Ele sorrindo, com a menininha ao colo, respondeu:
 
_É verdade. Durante esse tempo que passei sozinho, tive oportunidade de mudar de vida.
A primeira medida que tomei foi parar de beber. Hoje freqüento um grupo do AA e estou em recuperação. Arranjei novo trabalho e percebi as oportunidades aparecerem em minha vida. E tudo isso agradeço a você, Meredith.
Um dos objetivos da minha visita é trazer-lhe sua parte na venda de nossa casa. Consegui um bom preço por ela, devido à localização e assim pude comprar uma menor, que já está no nome de Rosemarie. Fica ali naquela mesma rua, lá no final. Onde estavam sendo construídas unidades menores.
Agora posso viver em paz e tranqüilo. Eu quero que vocês sejam muito felizes aqui, pois estou vendo que ainda existem pessoas boas nessa vida e vejo também que estão tranqüilas aqui.
Se algum dia você quiser me visitar, vai ser um grande prazer recebê-las lá em casa. Poderá visitar também Luísa, que tem me ajudado muito nessa mudança.
 
 
_Fico feliz, José, em saber de tudo. Aqui também, como pode ver, vivo uma vida boa. Com esse dinheiro farei duas coisas, uma caderneta para Rosemarie e vou investir na minha parte dos negócios, numa sociedade justa com Olívio, Jacira e Roosevelt, que são os sócios aqui no rancho.
Após o almoço, vou levá-lo para que conheça tudo e terminar os preparativos para as festas de logo mais.
 
Seguiram para um pequeno passeio pelo rancho, com José carregando Rosemarie ao colo. Passando pela casa de Jacira, encontraram com Olívio e Meredith deixando a menina com eles, seguiu para a casa de Olívio.
 
No princípio, eles ficaram em silêncio, apenas apreciando as gracinhas de Rosemarie. Depois iniciaram uma conversa de homem para homem, onde todas as explicações foram dadas. José desculpou-se pelo seu comportamento quando Olívio em sua casa esteve.
Olívio garantiu-lhe que ali Meredith e a filha sempre terão tudo o que precisam para viver e poderão ficar ali, no rancho, enquanto quiserem.
José falou a respeito da venda da casa e do dinheiro que deixou em posse de Meredith para que ela dê andamento em sua própria vida e também que a casa onde vive atualmente está em nome de Rosemarie.
 
José sentiu vontade de perguntar sobre o relacionamento de Olívio com Meredith, mas não se sentiu no direito.
 
Deram uma volta pelo galpão da criação de frangos e depois voltaram para a casa grande.
 
 
 
 
ANIVERSÁRIO DE ROSEMARIE E SEU SEGUNDO NATAL
 
 
São vinte horas e tudo está pronto para os festejos. As famílias dos trabalhadores que não viajam costumam passar o natal com Olívio, Roosevelt e Jacira. Assim a festa de Rosemarie estava muito cheia e Meredith ficou muito contente com a presença de todos.
 
Olívio abriu as comemorações agradecendo ao Senhor por tudo, numa belíssima prece, trazendo lágrimas para muitos olhos.
Agradeceu pela vida de Meredith, Rosemarie e José, que vieram aumentar ainda mais a família VENTANIA.
Agradeceu também o sucesso dos empreendimentos que estão sendo desenvolvido no rancho.
Brindaram o natal e a vida da pequena e depois contaram músicas natalinas.
 
Cantaram parabéns para Jesus e para Rosemarie. Foi muito emocionante.
 
Os homens ficaram responsáveis por fatiar as carnes e servir as bebidas. As mulheres por servirem a comida. Em pouco tempo todos estavam servidos e comendo com vontade. O riso e as brincadeiras acompanharam a refeição. Todos os presentes conheceram Meredith e agora a amam juntamente com sua filhinha.
 
Depois que soprou a velinha, Rosemarie dormiu, cansada pela festa e pelas emoções. Os presentes foram muitos e ficaram para ser abertos no dia seguinte.
 
Cortaram o bolo que foi servido juntamente com as outras iguarias natalinas e todos comeram fartamente.
 
Após todos ficarem satisfeitos, iniciaram a limpeza e logo a casa voltou ao seu normal.
 
Ou quase, por no dia do natal a reunião continuou, principalmente com Rosemarie abrindo os seus presentes como se estivesse em casa.
 
Após o almoço José voltou para casa com a certeza de que poderia recomeçar sua vida.
 
Passaram-se os dias e a vida segue o seu rumo.
 
 
UM SUSTO MUITO GRANDE
 
 
Alguns meses depois, Meredith levantou-se cedo como sempre, apesar do frio enregelante. Começou a fazer o  café e achou estranho Rosemarie ainda estar dormindo, pois ela sempre é primeira a levantar.
Quando chegou no quarto a encontrou adormecida e ao tocá-la sentiu a temperatura muito alta.
 
_Rosemarie, minha filha, o que você tem?? – perguntou a mãe desesperada.
 
A menina acordou e colocando a mão na garganta disse que doía.
 
Meredith imediatamente ligou para Olívio pedindo socorro.
 
O moço chegou quase que de imediato pois todos no rancho despertam muito cedo.
 
_O que houve, Meredith??? – perguntou assustado.
 
_É Rosemarie, está com febre alta e diz que a garganta está doendo. Preciso de um médico urgente.
 
_Vamos direto ao hospital e lá vemos o que fazer.
 
 
Chegando ao hospital, encontraram um médico de plantão, sendo um clínico geral, examinou a pequena e constatou uma forte infecção de garganta. Medicou e encaminhou para o pediatra para dar o prosseguimento ao tratamento.
Pediu repouso para a pequena até o pediatra atendesse e desse por finalizado os serviços médicos.
 
Quando dr. Clóvis chegou, examinou Rosemarie e concordou com a medicação ministrada pelo médico plantonista. Completou a consulta com o pedido dos exames e achou por bem que a pequena ficasse até a manhã seguinte para sair já com os resultados e as medicações de apoio.
 
Transferida para um quarto particular, Rosemarie poderia ficar com Meredith de companhia.
 
Acomodada a pequena, Meredith deu vazão ao choro, deixando sair o cansaço e nervosismo do seu corpo.
 
Olívio abraçou-a, de forma reconfortante e nova cascata de lágrimas foi derramada.
 
_Acalme-se, Meredith, nossa pequena está medicada e bem atendida e logo, essa febre vai baixar e ela vai sorrir novamente.
 
Tirando uma toalhinha da bolsa de Rosemarie enxugou o rosto da mulher com carinho.
 
Meredith pediu desculpas por ter molhado o ombro de Olívio com suas lágrimas.
 
Deixando-a se recompondo, Olívio saiu um momento para ligar para o rancho e dar notícias da pequena.
 
 
 
 
O AMOR CRIA LAÇOS FORTES
 
Quando saíram do hospital, Olívio as levou para casa e achou melhor que passassem a dormir em sua casa.
Assim Meredith teria sua vida facilitada no trabalho e não precisaria expor a pequena no frio das manhãs quando saía e nem à noite quando regressava.
A produção dos doces VENTANIA vai de vento em popa. Olívio já providencia a construção de um novo galpão para que o armazenamento possa ser feito.
Na casa a nova construção é uma pequena cozinha para os serviços triviais, tendo em vista que a cozinha grande está completamente voltada para a produção.
As vendas aumentaram muito com o afastamento de Olívio da delegacia e seu envolvimento total na sociedade com Jacira e Meredith.
Roosevelt ficou envolvido com a criação dos frangos, o abate e a distribuição comercial, montando assim a sua equipe de trabalho.
Olívio juntou-se às mulheres e trabalha no armazenamento e distribuição. A equipe de trabalho também está crescendo.
Com o crescimento da produção e com a nova cozinha, Cora voltou a assumir suas funções de cozinheira e outras mulheres foram contratadas para o serviço na pequena indústria.
 
 
Mesmo depois da chegada do verão, Meredith e Rosemarie continuaram a morar com Olívio. Olívio e a menina já estão muito apegados e ela o chama de tio.
Apesar da babá contratada para tomar conta, a menina prefere ficar com Olívio e com Cora, que fazem todas as suas vontades.
Meredith trabalha tranqüila, sabendo que sua pequena está em boas mãos.
 
Aproximando-se o natal novamente e também o aniversário de dois anos da pequena, em meados de dezembro, os sócios decidiram tirar umas férias que englobassem os feriados, marcando o reinício da produção de doces para o início de janeiro.
 
Com esses dias de descanso, a proximidade de Olívio e Meredith tornou-se maior. Ela ainda aventou a hipótese de voltar para o seu chalé, mas o moço não concordou.
Assim as tardes são calmas, à beira da piscina. Uma lagoa natural que Olívio canalizou para uma bela construção azulejada.
E numa tarde dessas que o amor finalmente falou mais alto entre eles.
Estavam num gostoso banho, o sol já se pondo e a pequena sonolenta foi com a babá tirar uma soneca, cansada de tantas brincadeiras.
 
Enquanto secavam-se aos últimos raios solares do dia, Olívio tomou a mão de Meredith e levou-a aos lábios.
 
_Meredith, eu sei que você viveu dias difíceis ao lado de José e que a vida não lhe foi muito favorável.
Também me divorciei da minha esposa por decisão dela, que não queria mais viver ao meu lado, numa vida simples, pois deixei tudo o que tinha e comprei esse rancho aqui. Quando vim para cá, depois da compra do rancho, fiquei apenas com o meu salário de delegado e uma pequena sobra do dinheiro que recebi da rescisão do contrato.
A outra parte, fiz uma doação para a família de um rapaz que foi vítima dos meus patrões e perdeu tudo, o emprego, os direitos e tudo mais.
Assim no lugar de resolver juridicamente a questão, preferi deixar tudo e pagá-lo do meu bolso, ficando em paz.
Depois da separação, dei a Lollita tudo o que ela tinha direito e segui com a minha vida.
Hoje, aos poucos, o rancho vai produzindo e vou me recuperando economicamente.
A a sua chegada, junto com Rosemarie, mudou minha vida para melhor. E cada dia gosto mais da presença de vocês em minha casa.
Acho que a vida resolveu sorrir para mi novamente.
Você consideraria ser minha namorada?
Perguntou sorrindo Olívio.
 
Meredith, também sorrindo, colocou sua mão sobre a mão de Olívio e fechou os dedos sobre os dele.
 
 
CAPÍTULO FINAL
 
 
O casamento de Meredith e Olívio foi magistral.
A população de Mimoso compareceu em peso, pois a atuação de Olívio como delegado foi muito promissora para a cidade, e todos sempre o respeitaram e o admiraram como homem e como profissional.
Alguns vizinhos, comerciantes ilustres também estavam presentes.
 
Uma equipe especial foi contratada para organizar tudo. Eles não quiseram uma casa chique não, mas sim uma organização simples, mas de muito bom gosto, com a melhor comida da região.
 
A decoração com flores e balões em coração, ficou harmoniosa e encantadora.
 
 A pequena Rosemarie estava como uma princesa, num vestido lilás, longo e vaporoso, como uma libélula iluminada.
Ela entrou carregando as alianças, enquanto a babá a aguardava no primeiro banco, para impedi-la de correr para a mãe.
As mulheres do rancho estavam em lágrimas emocionadas e quando Meredith entrou, acompanhada por Roosevelt, foi aplaudida de pé. Até o padre uniu-se à proclamação.
 
A recepção foi lindíssima. Após o jantar, foi servido um delicioso bolo com champanhe e refrigerante para os pequenos.
 
Todos saíram satisfeitos e felizes.
 
FIM


 
 
                    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
Regina Madeira
Enviado por Regina Madeira em 17/02/2016
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