UM AMOR DIFERENTE (II)

UM AMOR DIFERENTE (II)
(MARIZA 50/ RUBENS 30)

Tudo aconteceu do nada. Num momento Mariza carregava suas compras, no outro tudo espalhou-se pelo corredor quando o elevador abriu a porta. As alças das sacolas romperam e tomates e laranjas espalharam-se pelo chão.
Mariza, apesar de sempre bem-humorada, disse algo bem inapropriado para uma dama, mas baixinho, lamentando a sorte.
Nesse momento, Rubens vem saindo do seu apartamento e vê a cena. Apesar de atrasado, sente-se constrangido de ver a situação da vizinha e nada fazer. Então, aproximou-se, sorrindo e comentando sobre a fragilidade das sacolas de mercado, começou a catar os tomates e laranjas para ajudar Mariza.
Perturbada pela aproximação do vizinho, Mariza gaguejava as respostas de forma incoerente. Rubens sem nada perceber, terminou de juntar tudo e abriu a porta para ela.
Como acontece com moradores dos grandes edifícios, os dois simplesmente passam um pelo outro, cumprimentam-se, falam do tempo e mais nada, seguindo cada um o seu caminho.
É sempre assim, cada um a caminho do trabalho, sempre com suas preocupações.
Rubens, com seu escritório de Contabilidade em franco progresso, é solteiro, vivo só, com os pais vivendo em outra cidade distante. Ele conta com uma equipe razoável de colaboradores e mesmo em tempos difíceis, mantém um bom nível de vida. Apartamento próprio, carro e outros bens cabíveis em sua vida de profissional bem sucedido.
Rapaz bonito, gosta de sair a noite e sempre tem companhia a sua disposição.
Mariza, mulher solteira, bem sucedida, dona de três butiques finas, também conta com uma equipe de colaboradores muito fiel. Bonita, mas complexada com seus quilos a mais, depositados nos seios e quadris. E assim esquece do seu rosto lindo e bem proporcionado, com olhos cor de mel, reluzentes quando sorri.
Sempre bem vestida, elegante, perfumada, um colírio para os olhos masculinos e para a inveja de outras mulheres, mal resolvidas.
Dona do seu próprio AP, Mariza mora nesse condomínio antes de Rubens. Gosta de fazer suas coisas sem depender de ninguém. Vai às compras e acha tudo normal.
Viu Rubens pela primeira vez dois dias depois da mudança e até hoje apenas cumprimentam-se como bons vizinhos. Mas a sua veia feminina registrou o rapaz de uma forma mais íntima.
Mas sabedora da diferença de idade entre eles, ela jamais poderia pensar em arriscar alguma coisa alem da amizade.
Mas os sentimentos são segredos dos quais não compartilhamos sua vontade. Eles chegam, instalam-se e ficam por conta própria.
Rubens, já há algum tempo vem registrando a presença de Mariza no prédio. Às vezes a ouve chegar, conversar com o porteiro, de quem sabe todos os detalhes da vida, a ouve perguntar pela família e saber como estão. Sempre sorridente, falando alto e gesticulando. A ele agrada muito essa performance. E fica imaginando como é a sua vida, se não tem alguém, pois a vê sempre só e quase não sai a noite.
Assim também acontece com ele.
Relacionamentos amorosos foram deixados de lado quando começou a implantar o escritório, e aos poucos a vida social foi sendo relegada ao segundo plano.
E agora, mais relaxado, começa novamente a querer viver novas aventuras.
Mariza, depois do falecimento dos pais num acidente ficou sozinha. Sua irmã mais nova mora em outro país, casada e com filhos, o que as isola um pouco. Agora, aos poucos, é que diminui essa distância com a internet, mas as visitas físicas são raras.
Com a vida seguindo, um dia, Mariza chegando em casa após o término do horário comercial encontra com Rubens na porta do elevador, preparando-se para sair e novamente esbarram-se e as chaves caem das mãos.
Rubens apanha as chaves, mas não se dá conta que as chaves do carro de Mariza ficou entre as suas.
Saiu para a rua e quando vai abrir o carro e que nota que as chaves estão misturadas.
Como sua saída era sem importância, pois apenas iria tomar uma bebida com os amigos e com medo de Mariza precisar de sua chave, resolveu voltar para entregar. Poderia deixar com o porteiro, mas preferiu fazê-lo pessoalmente.
Quando chega na porta do apartamento de Mariza, a própria abre a porta, já preparada para a procura das chaves, sem saber onde as colocou. Tão atordoada, nem percebeu-se apenas de roupão e com a porta aberta, pois a sua intenção era apenas contatar o porteiro.
Quando deparou-se com Rubens em pé na porta, levou um susto, perdendo a respiração e não sabendo o que fazer, o rapaz, meio bobo apenas estendeu as chaves para ela. Quando viu o objeto dos seus desejos, Mariza deu um sorriso tão bonito que iluminou o seu rosto e Rubens ficou fascinado.
Sem graça, Mariza convida o rapaz para entrar e esperá-la enquanto vai trocar-se.
O rapaz se senta e aguarda ansiosamente a volta da mulher.
Pouco depois ela volta com um lindo vestido, perfumada e com sapatos de salto médio. Rubens suspira profundamente, inebriado com aquele charme todo.
Mariza, sorridente, pergunta se ele desejar tomar uma bebida e ele diz que sim, pois era justamente isso que iria fazer para descansar do dia corrido do trabalho.
Mariza lhe oferece um vinho branco que é prontamente aceito.
Sem saber como começar a conversa, ela pergunta onde ele encontrou as suas chaves e ele sorrindo, disse que as mesmas tinham se enroscado no seu chaveiro quando caíram e só percebeu no momento em que ia sair com o carro.
A mulher agradeceu a gentileza e continuaram falando sobre amenidades.
Como a noite prometia ser boa, Rubens resolveu convidá-la para dançar.
Mariza, sem saber o que dizer, perguntou-lhe de chofre de ele sabia da diferença de idade entre eles.
Rubens, sorriu sem nenhum embaraço e lhe disse que em nenhum momento julgou a diferença como empecilho para um relacionamento.
A mulher disse-lhe então que terminaria de se arrumar para saírem.
Foram a uma animada casa noturna, onde jantaram e em seguida assistiram um belo show.
Após o jantar, Rubens encantado com a beleza e charme daquela mulher, não via a hora de tê-la nos braços.
E convidou-a para dançar.
Sem que percebessem, as pessoas os observavam naquela linda integração.
Antes que findasse a noite, suas bocas silenciosamente uniram-se num longo e caloroso beijo, marcando o início de uma linda relação.

Estrela Radiante
"Imagem do Google"

Regina Madeira

Enviado por Regina Madeira em 23/10/2012

Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras